Conto: Jesus voltou à Terra
Jesus compareceu à terra, em carne e osso. No Brasil, semana
passada. Esse chão onde seu nome é tão conhecido e pronunciado. Queria só dar
uma reforçada em seus ensinamentos, nada muito complicado. Afinal, bilhões de pessoas
estudando suas palavras há dois mil anos, o mundo estaria maravilhoso. Impressionou-se
com tanta tecnologia, telas, carros... Mas logo uma pessoa, olhando para o que
ele descobriu ser o celular, quase o derrubou e o chamou de vagabundo, talvez
devido a seus trajes nada usuais. Outro rapaz, bem vestido, logo desviou. Teria
pensado que se tratava de um malfeitor? Jesus, profundamente compadecido, resolveu
então ficar um pouco mais. Quem sabe poderia com suas palavras e exemplos curar
a humanidade dessa loucura que via pelas ruas?
Dia 1-. Logo que chegou, em uma grande cidade, ao passar por
certa construção luxuosa, pintada em ouro, enfeitada de diamantes, ouviu: “essa
é a verdadeira igreja de Jesus”.
“O que é igreja? ’ Ele pensou. Como eu posso ter um prédio
se nunca tive nenhum bem, nem mesmo um travesseiro onde encostar a cabeça? Sempre reuni as pessoas em qualquer lugar, mas
aqui em meio a tanta ostentação não me sentiria bem”. Dali passou ao largo.
Foi procurar um lugar para dormir. Encontrou algumas pessoas
na rua, repartiu com eles a mesma coberta. Afinal sempre vivera na
simplicidade. Ali era um bom lugar.
Dia 2- Foi acordado de madrugada por policiais que estavam
arrancando os cobertores e todos os pertences dos seus amigos. Tentou
argumentar. “Somos todos irmãos, filhos do mesmo Deus”. Mas nada adiantou. "Estamos cumprindo ordens superiores" disse um dos policiais. Quanto frio passaram! Mas Jesus cuidava
de suas feridas, ouvia suas histórias, alimentava-os de sabedoria, aquecia-os com
seu amor. Em um único dia já era conhecido e amado por muitos.
Dia 3- Caminhando novamente pela cidade, buscando recursos
para atender a seus amigos verificou uma grande quantidade de pessoas gritando
contra a corrupção, e que em alto e bom som, como ele nunca havia escutado,
bradavam seu nome. Que bom ele pensou. Todas essas pessoas querem o bem,
achamos nosso lugar”, disse aos seus amigos famintos. Mas não deu tempo de
concluir esse pensamento. Muitos começaram a olhar de lado, empurrar. E ao tentar
defende-los, Jesus teve como resposta vozes agressivas gritando “comunista”! “sai
daqui”!
Nessa noite, o Cristo fez um de seus milagres. Multiplicou
novamente o pão. Dormiram saciados. Felizmente chegaram algumas pessoas que
sorriam e entregavam cobertas. Esses
também eram seus amigos de verdade. Abraçou a cada uma, escutou seus problemas,
anotou seus nomes e endereços. E partiu.
Dia 4-. Jesus queria elaborar u plano para impedir que pessoas
vivessem em situações precárias, sofridas, sem assistência, sem apoio.
Pegando várias caronas, aqui e ali chegou em uma cidade
maravilhosa. Tentou falar com alguém. Ninguém lhe deu atenção. Com seu poder
infinito, entrou em um prédio muito rico. Logo viu uma cruz ali. Alegrou-se. Lembravam dele. Descobriu que vários usam o nome de “cristãos”, na certa uma
referência a ele e seus ensinamentos. Aliviado notou que muitas pessoas entravam,
sentavam e conversavam em grupos, aqui e ali. Mas o que estaria acontecendo? Em seu nome
zombavam dos pobres, planejavam maldades para toda uma nação? Jesus, perplexo, mais uma vez partiu.
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Visitou lares, hospitais, fez milagres diversos, alguns
foram atribuídos à sorte, mas tudo bem. Onde havia aqueles simples e humildes
de coração, deixou um presente de luz. Constatou que tinha realmente muitos
amigos.
Porém, antes que fosse morto novamente, não na cruz, mas por
uma violência qualquer, foi embora da Terra. Transmutou-se. Dessa vez sua morte passaria
despercebida. Não ensinaria a humanidade a resistir, a não se vender, a manter
os princípios da sabedoria divina. Iria
de longe, em espírito, soprar inspirações de alma para alma, aos amigos que o seguissem
de fato, também para aqueles que não tinham consciência de si mesmos, agiam sem
má intenção. Nesses tinha esperança. Com o tempo outros seriam contagiados pelo
amor, pela paz, pela luz. Assim, aos poucos a loucura da humanidade seria curada.
Os outros, semeadores do mal, corruptos, aproveitadores,
desumanos, cínicos, golpistas, Jesus não os abandonaria. Mas teriam antes,
algumas lições com um outro mestre, que sempre esteve por aqui. Alguns o chamam
de satanás.
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