Documentáriuo sobre a Guerra do Constestado: testemunho dos mortos

O concorrente brasileiro da noite de terça (10), o documentário “Contestado - Restos mortais”, de Sylvio Back, não foi econômico nem nas palavras, nem na duração – estendeu-se por 155 minutos, alinhando diversas entrevistas de historiadores e especialistas, além da intervenção de cerca de 30 médiuns, todos abordando, cada qual a seu modo, o famoso conflito do Contestado. Uma guerra que ocorreu entre 1912 e 1916, na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, e que, apesar da importância e do grande número de mortos (fala-se em 20.000), permanece de certo modo invisível na historiografia oficial - em que o conflito de Canudos (1896-1897) costuma ter muito maior espaço. Veja a reportagem completa no uol

O "Contestado" foi uma guerra quase desconhecida que provocou  milhares de mortes. O documentário, apresentado no festival de Gramado, sobre este fato histórico praticamente desconhecido, utiliza-se de médiuns que recebem as supostas vítimas do conflito. A crítica pode  interpretar essa estratégia do cineasta apenas como uma forma de aproveitar a onda espírita no cinema. Porém, se acreditamos que somos espíritos imortais,  lidamos com a hipótese de que há espíritos que participaram desses eventos e que podem se expressar através de médiuns. Para quem está habituado a trabalhos mediúnicos, não há novidade nesse fato, pois até hoje comparecem a essas reuniões espíritos vinculados a períodos históricos diversos, como a Inquisição, as guerras mundiais, a escravidão dos negros. Não são vítimas e algozes, mas protagonistas reais de dramas contundentes que enredaram os destinos e aproximaram as pessoas pelo ódio ou pelo amor. E de tudo, fica o ensinamento de que o perdão, mais que  um mandamento cristão, é a sabedoria que nos possibilita tocar a vida (as vidas) em frente.

Síntese do que foi o "Contestado "
A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina. 

Causas da Guerra
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da região e do governo. Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar.

Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso, muitas famílias foram expulsas de suas terras.

O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo.

Participação do monge José Maria
Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil eram terreno fértil para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.

Os conflitos
Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento.

Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.

O fim da Guerra 
A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão

Fonte: site "sua pesquisa"
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