Qualidade de morte: RIME

Relaxamento, Imagens Mentais e Espiritualidade – RIME

Ana Catarina de Araújo Elias, psicóloga, realizou uma pesquisa preciosa em hospitais com pacientes graves e terminais, usando uma técnica que desenvolveu e cujas iniciais formam a palavra RIME. Trata-se de uma intervenção terapêutica que ajuda os pacientes a enfrentar o medo da morte e do pós-morte. A pesquisa é muito interessante porque atua em pacientes com mínima possibilidade de serem curados, e que chegam a ouvir da medicina tradicional: “já tentamos de tudo; nada mais nos resta fazer por ele”. Ana Catarina percebeu que este tipo de intervenção (RIME) reduzia o sofrimento, trazendo paz e tranqüilidade neste momento definitivo.

A situação limite, o limiar da morte, normalmente vem acompanhado do medo e do pavor, que aumentam a dor física e o estresse de quem está prestes a deixar o corpo. É a “agonia”. Aplicando RIME Ana conseguiu reduzir o sofrimento psicológico, que acabou se refletindo em bem-estar físico e paz de espírito aos pacientes. O paciente, ao invés de se fixar no medo do desconhecido, é levado, através de técnicas hipnoterápicas, a visualizar situações acolhedoras e de bem-estar, semelhantes aos relatos descritos pelas pessoas que passaram pela experiência de quase-morte: paisagens tranquilas e iluminadas, pessoas amorosas e felizes ao redor etc. A aceitação da morte é um passo importante para uma passagem tranquila para o ambiente espiritual que aguarda a todos nós.

Cada vez mais a medicina e a ciência acadêmica abordam temas relacionados à espiritualidade. Esta pesquisa mostra que quando não há cura possível, o melhor é uma “boa morte”. E, creio, estes pacientes na espiritualidade “sabem-se mortos” e esta consciência deve reduzir a agonia dos que “se imaginam vivos” nos primeiros momentos desta passagem. A RIME é uma intervenção que humaniza o instante da morte e facilita o acolhimento na vida espiritual. Mas isto a pesquisa não pode comprovar (ainda?).

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