Literatura e Mediunidade: duas dissertações - Humberto de Campos e Parnaso

Alexandre Caroli Rocha:  trabalhos desenvolvidos na UNICAMP sobre literatura e mediunidade

Alexandre Caroli Rocha apresentou dois trabalhos sobre a literatura apresentada  pela psicografia de Chico Xavier, na UNICAMP. O mestrado tratou da obra Parnaso de Além Túmulo, na qual a autoria dos poemas psicografados por Chico Xavier é atribuída a poetas famosos, dos quais o Alexandre selecionou alguns para análise. É impressionante a qualidade dos poemas e a identidade com o autor espiritual que os assina. O segundo trabalho refere-se a literatura de Humberto de Campos / Irmão X , psicografada também por Chico, em uma análise minuciosa sobre as diversas facetas apresentadas no conjunto da obra do autor desencarnado. Especialmente este segundo trabalho está escrito de forma clara e muito objetiva, em uma linguagem acessível (o que no meio acadêmico não é comum). É surpreendente o capítulo em que o Alexandre trata do " efeito de sobrevivência". Mesmo nós, que acreditamos na eternidade da vida e nos acostumamos com a excelência da qualidade mediúnica do Chico, nos surpreendemos com a fidelidade com que foram colocados na obra mediúnica elementos de identificação do autor espiritual. Se você é daqueles que gosta de estudar e busca alguma coisa de muito interessante e novo, clique no link abaixo para acessar os dois trabalhos.



Comentários

Antonio Baracat disse…
“INDISPENSÁVEL”
Antonio Baracat
Professor de Filosofia e História
Belo Horizonte, MG
As caravanas que em 18 e 19 de abril de 2009 participaram do “II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra”, em Pedro Leopoldo, onde não se cobrou qualquer quantia pela participação, perceberam a diferença das interpretações sobre o significado da herança que Chico nos deixou. Sem precisar citar nomes, porque desnecessário, de um lado se colocaram os muitos que têm a intuição de que o fenômeno humano e mediúnico representado por Chico é a mais sólida referência da evolução individual e planetária desde Jesus, e de outro lado os poucos que julgam que Chico é apenas mais um na história da humanidade.
Os que intuem que Chico foi a própria encarnação do cristianismo redivivo, protótipo do homem novo, e é exemplo para se cultivar em todas as latitudes e longitudes terrestres, estão corretos. O espiritismo, como demonstrou o Chico, não veio ao mundo para ser tratado com pompas e circunstâncias, mas para servir ao povo, sobretudo aos mais simples, que por isso devem ter seu acesso facilitado aos seus conceitos e práticas. Já os que dizem homenagear Chico no 3º Congresso Espírita Brasileiro, em Brasília (ao custo R$ 120,00 – cento e vinte reais a inscrição individual!), definitivamente não sabem o que fazem. E como quase todos que pensam assim são dirigentes de órgãos espíritas federativos, é preciso lhes dizer que além de não caminharem como deveriam ainda impedem o avanço de milhões, que poderiam encontrar parâmetros afetivos, intelectuais e morais nos escritos e exemplos do Chico, inclusive nas obras póstumas, psicografadas por Carlos Baccelli.
A Doutrina Espírita foi codificada na França entre 1857 e 1868, mas se Kardec não tivesse existido e os postulados espíritas nos chegassem somente pelas obras psicografadas por Chico Xavier o trabalho do francês faria alguma falta? Tem alguma coisa que Kardec escreveu que Chico não fez mais e melhor? Segundo a lógica formal o maior contém o menor. Neste sentido as obras psicografadas por Chico Xavier não podem ser tratadas como “complementares” das de Kardec, porque são muito mais densas e completas. Quem nega essa obviedade age, ipsis litteris, como os tradicionais sacerdotes, “guardiães de dogmas”...
Não se trata de menosprezar o trabalho de Allan Kardec, até porque ele morreu em Paris, em 31 de março de 1869 mas reencarnou, para completar seu trabalho, em Pedro Leopoldo, em 2 de abril 1910, exatamente na personalidade de Chico Xavier. Quando se questiona a posição de Kardec em relação a Chico é porque sem os conhecimentos que Emmanuel, André Luiz, Meimei, Scheilla e outros instrutores nos trouxeram ainda estaríamos discutindo – e perdendo tempo –, sobre a veracidade ou não das comunicações mediúnicas, da imortalidade e outros temas, que foi o que os adeptos do espiritismo fizeram durante o século XIX e quase todo o século XX, sem quase sair do lugar.
Tem tempo a polêmica sobre a imortalidade e a comunicabilidade dos espíritos. Na Grécia Antiga, os primeiros filósofos e cientistas só conseguiram conceber a realização plena da justiça quando a colocaram sob o prisma cósmico (lição que faria bem aos juristas resgatar), ou seja, depois que admitiram a hipótese da imortalidade, mediante a preexistência e sobrevivência do espírito às sucessivas vidas corporais pela reencarnação. Em uma das suas obras mais célebres, A República, Platão discute os atributos de uma sociedade ideal e ao final introduz o chamado mito de Er, uma história contida no livro X, de 614b a 621b, onde se relata a experiência de alguém que retornou do Hades (o mundo dos mortos). De acordo com a narrativa todas as injustiças cometidas importam em penas severas para as almas injustas de quanto fizeram em vida, a fim de se purificarem (não é exatamente o que demonstra, em minúcias, André Luiz na série “Nosso Lar”?). Porém, os acadêmicos que leem A República, ao invés de admitirem que a inspiração de Platão foi o intercâmbio mediúnico de pitons e pitonisas (denominação dos médiuns da época), preferem dizer que o filósofo grego recorre ao mito como mera hipótese, para preencher o que não pode ser racionalmente demonstrado, caso da imortalidade...
Entretanto, depois de Chico Xavier, esse tipo de raciocínio não se sustenta mais. Não se trata de discutir sofismas e alegorias, mas tratar de fatos concretos, como os mais de 400 livros psicografados em variados estilos e conteúdos. Diante disso o bom senso sinaliza que não se pode mais, por ação ou omissão, colaborar para manter a humanidade em rota de negação da esperança e do amor, cuja tradução mais fiel é o exercício da caridade, pois com Chico Xavier a dúvida sobre a imortalidade se desfez e o exercício da mediunidade adquiriu sentido coerente e preciso. O livro “Desobsessão”, psicografado por André Luiz em 1964, denota a nova orientação: é um manual prático com orientações singelas para o trabalho com espíritos obsessores. Não se trata mais de provar que os espíritos se comunicam, atuam sobre o mundo corpóreo ou qualquer outra questão deste tipo. Importa sim conferir caráter misericordioso e útil ao intercâmbio entre mortos e vivos segundo a carne.
Durante 87 dos seus 92 anos Chico dialogou ininterruptamente com os espíritos. Dos 87, 75 anos foram dedicados à atividade mediúnica sistemática, que variou da psicografia de poesias de estilo rigoroso e conteúdo doutrinário irrepreensível aos diálogos com os habitantes comuns das diversas dimensões espirituais, passando pelas inúmeras esclarecedoras lições, sempre em profunda e extensa vinculação com o Evangelho do Mestre Jesus. Assim, porque sua vida foi verdadeiro libelo contra a ignorância, síntese de referências objetivas para o encontro com a felicidade, quando me refiro ao Chico a palavra que acompanha a lembrança é... “indispensável”!