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Em primeira pessoa

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Por Cristina H. Rocha Nos encontramos no ônibus. Não mais de 55 anos era sua idade. Bilhete sem crédito, cobrador sem troco. A mulher briga com o cobrador, por fim fica para descer pela frente. Senta ao meu lado. Puxa conversa. Ela me disse (para mim e para todos os passageiros): -Depois que tive o câncer (tirei um pedaço do estômago) entendi que eu precisava me amar mais. Cuidar mais de mim, não me importar tanto com os outros. Não vou mais engolir nada (esfregando o dedo indicador na garganta). Foi por eu ser boazinha que tudo aconteceu. A gente fica dizendo amém para tudo, as pessoas abusam, a gente fica com raiva. Aí quando fica doente, cadê?  Ninguém quer saber. O povo parece que some. Mas aí a gente sabe quem é amigo de verdade. É nessas horas.... Não me lembro, acho que respondi um “pois é, né? ” empolgada que estava com minha leitura. Mais tarde me pus a refletir. Quantas vezes ouvi em palestras, workshops, vídeos, conversas, o mesmo que aquela senhora me disse?